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10/03/10

A Vila e O Rio

A vila
tranquila
¿dorme ou suspira?
junto do Rio.

E o rio,
safira
em fio,
de volta da Vila,
delira.

A Ponte já velha de tanto relento
se mira
no fundo
do Rio sedento.

Alheia,
num esquecimento
do que é deste mundo,
nem vê que a aniquila
a areia.

É o equinócio
do Outono.
E o Rio no velho caminho vacila...
pára...rodeia,
enfim prossegue com cautela:
que não perturbe a Vila
no sono
d’ocio.

Nem vela
circula.
E o Rio areia acumula
no pensamento que o atribula
de à Vila
chegar.
Vem longe o Inverno que traz as cheias.
E o Rio infeliz
se afila
perdido de Amor, com ciúmes da Ponte.
Até lhe levou duma vez as ameias.

E a Vila, de branco, só espera o Luar
e o rouxinol de fronte.

António Vieira Lisboa
in Ao Longo do Rio Azul, 1949