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25/03/10

Lenda Da Fonte Mouro

Próximo de Beja a pouco mais ou menos a meia hora de caminho da cidade, existe uma horta com uma fonte de água muito fresca que corre para um barranco.
Esta horta existe desde o tempo dos mouros, mas incorporada na propriedade de Albutassén, o mouro mais rico da região.
Ao lado da horta, havia uma bela casa, grande e branca, de um só andar que parecia uma prisão. Esta casa era rodeada de um muro alto que tapava a habitação dos olhos curiosos.
As poucas pessoas que entravam na casa de Albutassén diziam que, para lá do portão de ferro que dava aceso à propriedade, havia um pátio sombreado de árvores de fruto. Ao penetrar na casa do mouro ficava-se imediatamente maravilhado com a enorme entrada, de chão de mármore banco e negro, e uma fontezinha em forma de taça donde brotava naturalmente, no Inverno, água quente e, no Verão, água fresca.
Esta água corria por um pequeno canal descoberto que levava directamente a um enorme tanque que ficava no jardim da parte de trás da casa.
De cada lado desta imponente e fresca entrada ficavam os aposentos da família de Albutassén, que à boa maneira árabe tinha dentro de casa um nunca acabar de gente, desde irmãos e cunhados, a filhos e até primos. As mulheres da família, conforme mandava a Lei e o costume, em presença masculina mantinham a face tapada e só saíram de casa no momento do casamento. A este acto eram totalmente alheias, pois que o enlace era negociado entre o pretendente e o chefe da família, neste caso Albutassén.
Assim estava destinado acontecer a Aldonça, a única filha do mouro. A filha do mouro tinha muitos pretendentes, mas o mouro não tinha muita pressa em casa-la.
Aldonça segundo se dizia era bonita, bondosa e muito crente de Alá. Sua vida passava-a nos jardins da casa, e entretinha-se á sombra das laranjeiras a jogar xadrez, cantando ou ouvindo as velhas escravas contarem histórias.
Apesar de toda esta prisão dourada, Albutassén descobriu que Aldonça estava apaixonada. O mouro não entendia como era isso possível. E descobriu depois que a paixão de Aldonça era por um cristão, Atanásio, chegado á região sabe-se lá de onde!
Albutassén redobrou a vigilância. Ameaçou de morte os escravos que proporcionassem os encontros, mas nunca descobriu como se encontravam.
No terror em que vivia de seu pai, a moura começou a perder o apetite, a core e cada vez ficou mais triste. Atanásio sem saber o que fazer resolveu fugir com a sua amada, com o que ela concordou.
Assim, numa noite de Agosto, em que o luar iluminava a planície alentejana, Atanásio chegou ao portal da horta onde já se encontrava Aldonça á sua espera, escondida na sombra junto ao muro. Ao ver chegar o seu amado Aldonça ficou muito feliz e grata a Alá. Ergueu os olhos ao céu numa oração de agradecimento e, nesse exacto momento, algo de estranho aconteceu. Aldonça transformou-se em fonte, Atanásio em serpente.
Conta a lenda que a Alá não agradava esta união de diferentes religiões e, por isso, encantou para todo o sempre aquele par de amantes.
Dizem as gentes da terra que em noites de luar, especialmente em Agosto, se vê muitas vezes a serpente bebendo naquela fonte para matar saudades da sua amada.