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23/04/10

Morte de um sonho

Ide viver depressa como o vento...
Ide viver a vida onde eu a ponho...
Antes que te mate o Sonho,
antes que viva o Sonho em pensamento.

Ide viver a vida de improviso
no mesmo rítmo da Imaginação.
A vida só é longa em rude piso
e o piso é brando em vosso coração.

Ide viver a vida sem um escôrço...
Um plano é virus que corroe e danifica.
Se em plano põe-se todo o interêsse
o que é que fica?
Não corresponde a Realidade ao esforço.
Tudo em caminho de dilue, fenece.

Ide viver num ímpeto, sem parar.
Ide viver sofregamente...
Antes que o Sonho fique por sonhar.

Que o Porvir seja imediatamente
logo Presente,
Presente provisório e promissório
doutro Porvir apenas transitório.

O Sonho é só o que está por ir...
futuro que se crê não ilusório.

Ide viver depressa,
fora de vós
dentro (enfim)
do Teu viver veloz,
como só quem começa
o que não pensa que há-de ter um fim.

Ide viver sem um projecto
antes que nele sonhe o Sonho.
Não pode ser o Sonho o fim, o objecto...
mas como um rio que não tenha foz.
Tem que realizar-se a si com estranho afecto.
Não pode ser preconcebido
pensando antes.
Se, ao Sonho, o pensamento teu anteponho
é sonho ido.
O Sonho e o Pensamento devem estar em vós
equidistantes.

Ide viver a vida num impulso
da mocidade...
depressa, sem tomar o pulso
à Realidade,

Deixa-Te dêsse «Parecer» tristonho
que dentro em ti um Sonho
alegre encontras.

Ide depressa vê-lo.
A vida a cálculo com prós e contras
é um pesadêlo...
É uma imagem aflitiva
que o coração nos corta...
A cópia morta duma coisa viva
ou um «retrato de pessoa morta».

A Tua vida é desbotada, lívida...
Resignação é o seu suporte.
A Tua vida é uma imagem rígida
da longa espera para a morte.

Tu assim ficas sempre, àquem da vida,
com Teu viver retardatário.
(O Egípcio vai além do Templo em múmia
quási sem morte na jazida)
A Tua vida "sem viver" resume-a
a fôlha sêca à força num herbário.

Ide viver o Teu viver tão vário.
Ide tomar o ar ...o ar risonho.
Ide viver a Vida só dum Sonho.

Ide viver o Teu viver forâneo
Entontecido pelo Teu contacto.

Ide viver a Vida só dum jacto
Não faças dela um triste sucedâneo.

(Autor desconhecido)