a M. A.
O Teu olhar, a quem o sente ofusca...
E, crê, tão só ofusca como cega.
!Coitado d'Esse que uma vez o busca!
Jamais, em Vida, dêle se desprega.
O teu olhar atrai...Atrai e fere.
E, a luz, que dêle jorra e nos deslumbra,
tanto o Amôr e a Graça nos confere
como p'ra sempre nos deixa na penumbra.
Atrai...como Perigo p'ro abismo.
E fere ...até ao imo o Coração.
É Raio Verde...e pode ser Ocaso.
Triste, por isso, muitas vezes cismo
na sorte d'Esse (e minha?por que não?)
que distraida olhaste por acaso.
Versos estranhos,1940
António Vieira Lisboa