Ausência de financiamento está a
dificultar o crescimento das exportações portuguesas.
No ano passado, as empresas
portuguesas venderam para os mercados externos mais de 42,3 mil milhões de
euros, o que representou um crescimento de 15,1% em relação ao ano anterior e
dos quais 31,3 mil milhões foram no espaço comunitário e os restantes com o
resto do mundo, onde se destacam os países emergentes. Aliás, constata-se que
os empresários portugueses estão à procura de outros mercados, nomeadamente
naqueles em que se perspectiva um forte crescimento económico, como Brasil,
Índia, China, México, África do Sul, com um volume de negócios que já
ultrapassa em larga medida os mil milhões de euros. Pouco ainda, mas essencial
para abrir as portas para muitas mais empresas. Ou seja, é inquestionável o
impacto dinamizador do mercado extracomunitário que parece ser agora o suporte
para a evolução registada das contas externas nacionais.
Os números dizem que o
crescimento, registado no ano passado das exportações, contem um incremento de
apenas 5,9% para as exportações destinadas à União Europeia e um aumento de
37,9% das exportações destinadas ao resto do mundo. Um esforço dos empresários
que permitiu um “forte contributo positivo para a variação do PIB” em 2011 –
isto é, a recessão teria sido ainda mais grave se não fosse pelo comportamento
do comércio internacional. E não só. Pela primeira vez as exportações foram
superiores às importações feitas pelos portugueses.
Mas se as empresas sabem o que
querem, cabe agora ao Governo implementar políticas económicas que estejam em
sintonia por forma facilitarem precisamente o processo de internacionalização.
Ainda esta semana, António Saraiva, presidente da CIP, avisava quanto à urgência
para que o “Governo encontre mecanismos disponibilizando financiamento às
empresas”. António Saraiva referiu que sem financiamento as empresas vão
continuar a fechar e a provocar uma maior destruição de emprego, numa altura em
que o desemprego conhece níveis históricos – a taxa de desemprego atingiu os
15%, segundo dados do Eurostat.
Mas o caderno de encargos das
empresas, junto do ministério liderado por Álvaro Santos Pereira, não se fica
por aqui. Os custos energéticos, seguros de crédito, questões alfandegárias e
apoios à internacionalização são alguns dos temas que estão permanentemente em
cima da mesa. Vejamos então por partes. Os empresários argumentaram contra o
elevado custo da energia que lhes retira competitividade em relação aos seus
congéneres, nomeadamente europeus. Um aumento de 14% no custo de energia
eléctrica de 2010 para 2011 e estimam um novo aumento de 11% no custo de
energia para 2012.
Mas entre os pontos mais
discutidos está a dificuldade das empresas em conseguir custos mais equilibrados
no acesso ao crédito. Uma questão transversal ao tecido empresarial, mas que
está a afectar, sobretudo, empresas cujo ciclo produtivo é temporalmente
alargado. Acresce, segundo os empresários, que a banca está a praticar preços e
a impor comissões sobre os serviços bancários a valores elevados. E estão neste
momento a diminuir ‘plafonds’ em linhas de financiamento que são absolutamente
vitais para o normal desenvolvimento da actividade das empresas.
Por fim, consideram essencial
lançar linhas de crédito bonificado para medidas concretas de
internacionalização que permitir às empresas, principalmente na conjuntura
actual, aumentar a sua capacidade de internacionalização, assim como facilitar
a criação de redes de distribuição, aspecto indispensável para a sua
sobrevivência a médio prazo.
Conheça agora os números de exportações e os países que mais compram a
estas empresas.
Repsol Polímeros exporta 85% do que produz
Sem revelar valores, António
Martins Victor, chefe de relações externas da Repsol Portuguesa, assume que a
Repsol Polímeros, liderada por José Font, registou um volume de negócios em
2011 “superior ao de 2010, sobretudo porque os preços do petróleo foram
superiores e isso tem muito impacto nesta actividade”, explica. Victor adianta
ainda que “as exportações continuam a representar cerca de 85% da nossa
produção”, sendo que dessas, quase metade vão para o mercado espanhol e a outra
parte para outros países. No que toca a perspectivas para 2012, António Martins
Victor, admite que “a situação não se irá alterar significativamente” e que “os
preços do petróleo continuam a ser uma incógnita”.
VW Autoeuropa é o segundo maior exportador nacional
A VW Autoeuropa é a maior fábrica
de automóveis do País e a segunda maior exportadora nacional. Em 2011, a VW
Autoeuropa produziu 133.100 unidades, naquele que foi considerado por António
de Melo Pires, director-geral da VW Autoeuropa, como “o melhor ano da última
década”. As vendas da Autoeuropa cresceram 36% face a 2010, atingindo um
montante de 2.246 milhões de euros. Já a força de trabalho aumentou 21%, com a
empresa a empregar 3.603 pessoas. Cerca de 98,9% da produção teve como destino
as exportações. Alemanha, China e Reino Unido são os principais mercados de
exportação. António de Melo Pires admitiu, na conferência de apresentação de
resultados, estar atento à recessão económica que poderá afectar os principais
mercados de exportação da Autoeuropa em 2012.
Lactogal, um grupo com dimensão ibérica
A Lactogal, detida pela Agros, a
Pro-leite e a Lacticoop, é dona de marcas como a Mimosa ou Vigor. Segundo dados
da Fenalac, estes três accionistas recolhem 820 milhões de litros de leite em
Portugal, o que corresponde a 46% do total nacional. As vendas da empresa
ascendem a mais de 682 milhões de euros em 2010 e os últimos dados que a
empresa revelou sobre a exportação eram referentes a 2008, em que as vendas no
mercado externo, através de Espanha, representavam cerca de 14% do total da
facturação. O grupo liderado por Casimiro de Almeida definiu como objectivo
conquistar quota e dimensão ibérica no sector dos lacticínios. A Lactogal
pretende voltar a comprar a Renoldy, que produz e comercializa leite UHT apenas
com as marcas da distribuição e que foi alienada por imposição do regulador no
processo de concentração com a Leche Celta em 2007.
Polopique exporta 99,8% dos 71,5 milhões de vendas
A Polopique está entre as três
maiores exportadoras do sector têxtil português. A empresa, especializada em
vestuário em malha para senhora, registou vendas de 71,5 milhões de euros em
2011, um crescimento de 6% face ao ano anterior. Segundo Teresa Portilha,
directora da Polopique, 99,8% da facturação é proveniente das exportações,
sendo Espanha o principal mercado e o grupo Inditex (detém a Zara) um dos mais
relevantes clientes. A têxtil emprega 150 pessoas e é responsável de forma
indirecta por mais de dois mil postos de trabalho, dado que a produção é
assegurada em regime de subcontratação. Como frisa Teresa Portilha, a Polopique
insere-se dentro de um grupo empresarial que “actua na cadeia têxtil desde a
plantação de algodão à tinturaria e acabamento, passando pelo desenho, fiação e
tecelagem”.
Nestlé Portugal exportou mais 27% em 2011
A produção das quatro fábricas
que a Nestlé detém em Portugal já tem como destino os mercados internacionais.
O destaque vai para fábrica que produz cereais em Avanca, Aveiro, em que 51% da
produção é destinada à exportação sobretudo para Espanha, França, Angola –
entre outros PALOP -, Itália, Bélgica, Roménia e Bulgária. De acordo com o director-geral
da Nestlé Portugal, António Reffóios, o grupo alimentar exportou 80 milhões de
euros em 2011, mais 27,3% face ao ano anterior. Deste valor “80% vão para
sociedades afiliadas do grupo” Nestlé, explicou António Reffóios. Este
desempenho positivo das exportações contribuiu para o crescimento das vendas em
3,6% da Nestlé Portugal.
Sovena já se assume como uma multinacional
A Sovena exporta cerca de 75% da
sua produção para mais de 70 países a nível mundial. De acordo com o
vice-presidente da Sovena, Jorge de Melo, apesar de ser um grupo 100% português
em termos de capital “é já uma multinacional em termos de abrangência. O
exterior representa, aproximadamente, 75% da facturação”. Além de Portugal,
está presente em Espanha, EUA, Marrocos, Tunísia, Angola e Brasil com fábricas
e escritórios. Jorge de Melo explicou que a expansão geográfica tem assumido
uma relevância cada vez maior para a marca Oliveira da Serra, com a exportação
a registar crescimentos acima dos 30%. No início a marca estava mais orientada
para o “mercado da saudade” e PALOP, mas nos últimos anos tem apostado “em
mercados distantes como a Rússia, índia e China”.
Galp factura 2,4 mil milhões no exterior
A petrolífera posicionou-se, em
2011, como a maior empresa exportadora, atingindo um volume de 2,4 mil milhões
de euros. Este valor significa um crescimento de 27% face a igual período do
ano anterior. Liderada por Ferreira de Oliveira, a Galp estima aumentar as
exportações de produtos petrolíferos, na sequência dos investimentos realizados
na reconversão das suas refinarias [Sines e Matosinhos] para níveis próximos
dos quatro mil milhões de euros. A petrolífera canaliza os seus produtos para
30 destinos diferentes, compensando assim a quebra de consumo registada no
mercado ibérico. Em Portugal, as vendas de gasolina e gasóleo caíram, durante o
último ano, 11% e 8% respectivamente. Em Espanha a quebra do mercado foi de 4%
na gasolina e 7% no gasóleo.
Faurecia é o décimo maior exportador
A fabricante de componentes
automóveis francesa entrou no ‘ranking’ dos maiores exportadores portugueses no
ano passado. As vendas da unidade de Bragança, da Faurecia, atingiram os
314.667 milhões de euros, em 2011. “Praticamente a totalidade da produção
destina-se à exportação”, refere fonte oficial do grupo Faurecia. Esta fábrica
produz sistemas de escape completos e emprega 355 colaboradores. Paulo Rebelo
é, actualmente, o director-geral da fábrica. Em Portugal, o grupo conta com
sete fábricas. Em 2010, o grupo Faurecia – que tem como principal cliente
nacional a VW Autoeuropa – teve um volume de vendas de 603 milhões de euros, em
2010. Este valor representou um aumento de 37% face a 2009. No final de 2010, a
Faurecia empregava três mil pessoas nas fábricas de Bragança, Nelas, Palmela,
São João da Madeira (três).
Riopele garante no exterior 97% do volume de negócios
A Riopele, indústria
especializada na produção de tecidos de moda, é uma das maiores exportadoras
têxteis nacionais. A empresa liderada por José Alexandre de Oliveira foi
responsável por um volume de negócios de 56 milhões de euros no ano passado,
com as exportações a valer 97%. A Europa tem um grande peso nas vendas para o
exterior, mas os tecidos da Riopele têm também uma forte presença nos EUA e
Japão e chegam a mercados emergentes como a Rússia, China e Brasil. Com um
vasto leque de clientes internacionais, a Riopele pode orgulhar-se de vender os
seus tecidos a marcas ‘premium’ como a Emporio Armani, Prada ou Tara Jarmon. A
empresa de Famalicão emprega 800 pessoas.
Fisipe factura mais de 127 milhões de euros
As exportações representam mais
de 96% das vendas da Fisipe, empresa que em 2011, conseguiu “entrar em novos
clientes com produtos de maior valor acrescentado”, diz Tiago Gonçalves,
director comercial da empresa. Como consequência, o volume de negócios atingido
foi de 127 milhões de euros, mais cerca de 15% face a 2010. Para 2012, o
responsável diz esperar que seja “um ano semelhante a 2011 no volume de
negócios e no peso das exportações”. Actualmente, a empresa exporta para 43
países, sendo que “os principais clientes estão no continente americano, Europa
e China”. Este ano, a Fisipe, liderada por João Manuel Dotti, vai iniciar
exportações para a Rússia.
Peugeot Citroën exporta 97% da produção total
A fábrica da Peugeot Citroën
(PSA), situada em Mangualde, produziu, no ano passado, 50.290 veículos dos
modelos Citroën Berlingo e Peugeot Partner. No ano passado, a PSA registou um
volume de negócios de 400 milhões de euros, sendo que 94,4% da produção (47.459
veículos) destinou-se à exportação. “O ano de 2011 foi globalmente bom em
termos de produção, emprego e facturação”, refere Elísio Oliveira, director
financeiro da PSA. A fábrica terminou o ano com 1.250 colaboradores, mas devido
à quebra de encomendas dos principais destinos da produção de Mangualde, foi
obrigada a cortar o terceiro turno, ficando com 900 pessoas. Actualmente, a
produção diária da PSA é de 186 veículos. Para este ano, a fábrica liderada por
João Mattosinho prevê produzir entre 40 mil e 45 mil veículos.
Nota: artigo original Económico
Fonte:
Inovação&Marketing