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19/05/12

Seis regras para ser excelente em qualquer coisa


Se se contenta com ser "jeitosinho" este texto não é para si. Aqui sublinha-se a importância de sair da zona de conforto, a luta pelo perfecionismo, o espírito de sacrifício e a paixão pelo que se faz. Aqui, até aprender dói, mas a recompensa vale a pena: sucesso. Em toda a linha.

Jogo ténis há quase cinco décadas. Adoro o jogo e bato bem na bola, mas estou longe de ser o jogador que gostava de ser. Tenho pensado imenso nisto nas últimas duas semanas, porque tenho tido a oportunidade, pela primeira vez em muitos anos, de jogar ténis quase todos os dias. O meu jogo tem estado a ficar progressivamente mais forte. Tive uma série de momentos arrebatadores durante os quais joguei como o jogador que desejava ser. E quase certamente que poderia ser, embora tenha 58 anos. Até há pouco tempo, nunca acreditei que fosse possível.

Durante a maior parte da minha vida adulta, aceitei o mito incrivelmente durável que algumas pessoas nascem com talentos e dons especiais, e que o potencial para se destacar verdadeiramente em qualquer carreira é determinado em grande parte pela nossa herança genética. Durante o ano passado, não li menos do que cinco livros — e uma grande quantidade de investigação científica — que contestam poderosamente essa hipótese (veja a lista abaixo). Também escrevi um livro, The Way We're Working Isn't Working, que define um guia, baseado na ciência do alto desempenho, para desenvolver de forma sistemática a sua capacidade a nível físico, emocional, mental e espiritual.


Concluímos, no nosso trabalho com executivos em dezenas de organizações, que é possível desenvolver qualquer competência ou capacidade da mesma forma sistemática com que desenvolvemos um músculo: saia da sua zona de conforto, e depois descanse. Will Durant, comentando Aristóteles, salientou que o filósofo acertou na mouche há 2000 anos: "Somos aquilo que fazemos repetidamente." Ao confiar em práticas altamente específicas, vimos os nossos clientes a melhorarem drasticamente competências como a empatia, concentração, criatividade, reunir sentimentos positivos e descontração profunda.

Como todas as pessoas que estudam desempenho, estou grato ao extraordinário Anders Ericsson, indiscutivelmente o maior investigador mundial de alto desempenho. Durante mais de duas décadas, Ericsson tem defendido que não é o talento herdado que determina até que ponto é que nos tornamos bons em alguma coisa, mas sim o quão arduamente estamos dispostos a trabalhar— algo a que chama "prática deliberada".

Vários investigadores concordam agora que 10 mil horas deste tipo de prática é o mínimo necessário para alcançar o nível de especialista em qualquer domínio complexo. Esta ideia é maravilhosamente capacitadora. Sugere que temos uma capacidade notável para influenciar os nossos próprios resultados. Mas também é assustadora. Uma das conclusões principais de Ericsson é que a prática não é só o ingrediente mais importante para alcançar a excelência, mas também o mais difícil e o menos intrinsecamente agradável.

Se quer ser realmente bom nalguma coisa, isso vai envolver ultrapassar implacavelmente a sua zona de conforto, assim como a frustração, dificuldades, revezes e fracassos. Isto será verdade enquanto quiser continuar a melhorar, ou até manter um alto nível de excelência. A recompensa é que ser realmente bom em algo que conseguiu através de trabalho árduo pode ser imensamente gratificante. Aqui ficam, então, as seis regras para alcançar a excelência que concluímos ser as mais eficientes para os nossos clientes:

1. Procure o que gosta. A paixão é um motivador incrível. Aumenta a concentração, resiliência e perseverança.

2. Faça o trabalho mais difícil primeiro. Todos nos movemos instintivamente em direção ao prazer e para longe da dor. Ericsson e outros concluíram que a maioria das pessoas com alto desempenho, adiam a satisfação e realizam o trabalho difícil de prática de manhã, antes de fazerem qualquer outra coisa. É quando a maioria das pessoas tem mais energia e menor número de distrações.

3. Pratique intensamente, sem interrupção, por curtos períodos de tempo não superiores a 90 minutos e depois faça um intervalo. Noventa minutos parecem ser a quantidade máxima de tempo com que podemos dispensar o nível mais alto de concentração a qualquer atividade. Há evidências igualmente fortes de que as pessoas com um alto desempenho não praticam mais do que 4 horas e meia por dia.

4. Procure feedback de especialistas, em doses intermitentes. Quanto mais simples e preciso for o feedback, mais equipado estará para fazer ajustes. Demasiado feedback, de forma continua, podem produzir uma sobrecarga cognitiva, aumentar a ansiedade e interferir com a aprendizagem.

5. Faça pausas regulares de renovação. Descontrair após esforços intensos não só proporciona uma oportunidade para se revigorar, mas também metabolizar e incorporar a aprendizagem. É também durante o descanso que o hemisfério direito se torna mais  dominante, o que pode levar a avanços criativos.

6. Faça da prática um ritual. A vontade e a disciplina estão muito sobrevalorizadas. Como o investigador Roy Baumeister concluiu, nenhum de nós as possui em grande quantidade. A melhor maneira de assegurar que realizará as tarefas difíceis é desenvolver rituais — momentos específicos e invioláveis em que as faz, para que com o tempo passe a realizá-las sem ter que desperdiçar energia a pensar nelas.

 Tenho praticado ténis ao longo dos anos, mas nunca pelas várias horas por dia necessárias para alcançar um nível verdadeiramente alto de excelência. O que mudou é que já não me recrimino mais por ficar aquém das minhas expetativas. Sei exatamente o que seria necessário para chegar a esse nível.

Neste momento, tenho demasiadas prioridades para dar ao ténis essa atenção. Mas acho incrivelmente emocionante saber que ainda sou capaz de ser muito melhor no ténis — ou em qualquer outra coisa — e você também.

Fonte: Dinheiro Vivo