É certo que o panorama económico nacional não favorece um
aumento do consumo de bens de luxo por parte dos portugueses. No entanto,
antecipa-se que este segmento não seja afectado pela crise. Isto porque, se em
Portugal os consumidores das marcas mais requintadas não forem suficientes para
manter as lojas com as portas abertas, é sempre possível contar com quem vem de
fora e traz dinheiro no bolso.
Prevê-se que estes dois eventos tragam a Portugal mais de 1
milhão de visitantes amantes de desportos caros, donos de iates e detentores de
grandes fortunas - consumidores perfeitos de marcas como Louis Vuitton, Prada e
Hermés.
Na capital, as marcas luxuosas localizam-se maioritariamente
na Avenida da Liberdade, estendendo-se à Rua Castilho e ao Chiado. Já no Porto,
a concentração dá-se na Avenida da Boavista, na zona de Avis.
O retalho de luxo privilegia a sua localização no comércio de
rua e em zonas onde beneficie do fluxo de clientes das melhores zonas
residenciais, hoteleiras e de escritórios.
Em Lisboa e no Porto, a localização das principais marcas de
luxo segue igualmente esta tendência. A procura dos destinos turísticos nas
duas cidades deve manter-se, ou mesmo aumentar. Ambas são acolhedoras,
carregadas de História e têm um clima ameno e convidativo. Para além disso,
apareceram no top 10 de grande parte dos rankings ligados ao turismo. Entre
eles destacam-se o da Globe Shopper City Index - que colocou Lisboa na sétima
posição (num total de 33) entre as melhores cidades para compras em viagens
internacionais ¿ e o da Lonely Planet, que considerou a cidade do Porto como o
quarto melhor destino mundial em termos de relação qualidade-preço.
É assim, com turistas, que as grandes marcas com lojas nas
ruas portuguesas contam continuar a lucrar com os produtos de luxo. Mas também
existem truques para convencer aqueles que vivem po cá.
Por causa da crise, houve um adiamento da compra deste tipo
de bens, mesmo por parte de gente mais abastada. É preciso que gastos deste
género sejam justificados e, para isso, as marcas apostam na individualização
dos produtos, de modo a aumentar a ligação emocional com o cliente.
As marcas que apostaram nesta manutenção da exclusividade têm-se
revelado menos afectadas em comparação com aquelas que são mais acessíveis
monetariamente. A Hermés, por exemplo, teve um aumento no valor da marca de
41%.
Tendo em conta a gravidade da dívida soberana que assola
vários países, um pouco por toda a parte, esta evolução positiva que o segmento
do mercado de luxo tem vindo a registar só quer dizer uma coisa: quem pode,
(ainda) pode.
Ana J.
Fonte: Agencia
Financeira