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28/04/12

A marca de cada um


Queremos nos sentir integrados ao grupo em que convivemos e reconhecidos por nossos valores. Entretanto, a ânsia de sermos percebidos pode gerar uma situação inversa: levar-nos à anulação de nossa identidade e de diferenciais que fazem parte da nossa “marca”, valorizam e reforçam nossa autoestima, tornando-nos iguais a todos e, por isto, “invisíveis” entre os que fazem a diferença.

 E quando corremos esse risco? Quando assumimos um personagem e deixamos de lado o que realmente somos e mimetizamos ideias e comportamentos padronizados. Uma realidade que faz parte da sociedade contemporânea e, assim, do mundo corporativo, razão por que senti a necessidade de dividir minhas percepções com os leitores e provocar uma discussão sobre o “palco” onde muitas vezes representamos papeis alheios na tentativa frustrada de sermos protagonistas.

 Depois de muitos anos de consultoria, percebo que muitos empresários, executivos, profissionais de marketing demonstram baixo grau de espontaneidade. Com o passar do tempo, o lado humano e singular de cada profissional começa a ser invadido pelo personagem estereotipado, pela artificialidade. Um processo altamente contagioso, que cria o predomínio de linhas de pensamento únicas, exatamente por que privilegia a representação.


Esse cenário já começa a ser ensaiado no momento da seleção de novos profissionais. Por um lado, os entrevistadores acabam direcionando as respostas e o comportamento do candidato; por outro, quem almeja o cargo segue a cartilha do “profissionalmente correto”. Uma rotina que faz com que as empresas contratem personagens desvinculados de suas vidas pessoais, do “ser” humano.

Ao discutir a importância da autenticidade, vale lembrar o questionamento feito por Balzac: "Não haverá entre um espírito que se abarrota de invenções alheias e outro que inventa por si próprio a mesma diferença entre um recipiente que se enche de água e a fonte que a fornece?"

E o que precisamos para sermos a fonte?

Acredito que o caminho está em romper com a dualidade entre ator e o “seja você mesmo”. No momento em que nos libertamos da representação, a individualidade reflete nossos diferenciais, o que nos torna naturalmente aceitos, importantes para o grupo do qual fazemos parte e a empresa cultiva um relacionamento saudável, natural e criativo.

Sermos o que realmente somos é o primeiro passo para nos tornarmos melhores do que já somos. Ser autêntico e valorizar a própria marca traz autoestima e reconhecimento, abrindo portas para o aprimoramento e novas oportunidades. Creio que este é o segredo para fugir do estigma de “ator de uma peça só”, da estagnação profissional e pessoal.

Fonte: http://www.fbde.com.br/